sábado, 6 de novembro de 2010

Oração do Ator


Nem a loucura da maconha, do pó, do tabaco, e do álcool, vale a loucura do ator quando abre-se em flor sob as luzes do palco.
Bastidores, camarins, coxias e cortinas. São outras tantas pupilas, pálpebras e retinas. Nem uma doce oração, nem sermão, nem comício à direita ou à esquerda fala mais ao coração do que um colega sussurrando "merda".
Noite de estréia, tensão, medo, deslumbramento, feitiço e magia. Tudo é uma grande explosão, mas parece que não, quando é o segundo dia.
Já se disse, não foi uma vez, nem três, nem quatro. Não há gente com a gente, gente de teatro. Gente que sabe fazer a beleza vencer pra além de toda perda. Gente que pôde inverter pra sempre o sentido da palavra "merda".
-Merda, merda pra você.
-Desejo merda pra você.
-Merda pra você também
Diga merda e tudo bem
Merda toda noite e sempre, amém.

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